quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Em retrospectiva

Já sonhei tanta vez em ser de novo criança. Quando estamos presos numa teia de quebra-cabeças tecida pelo dia-a-dia de um "adulto" e é impossível escapar ileso, a vontade de voltar ao tempo de liberdade simples e feliz pode apoderar-se de nós. Nem sempre é fácil aceitar a recusa do tempo em dobrar-se e revirar-se para permitir voltar a um momento de alegria inocente dos nossos cinco anos. E quanto mais o tempo nega esse pedido, mais o desejo cresce...
Daí ter andado à procura de algo que me fizesse esquecer de tudo isto, para tentar não entrar numa espiral negativa de luta contra o Senhor Tempo. Busca totalmente infrutífera, parecia. Forçar o aparecimento mágico de um escudo contra aquela revolta não era propriamente tarefa fácil.
Até que...
Do nada. De repente. Sem eu contar. Para espanto e surpresa de muita gente. Costuma-se dizer, "Se me contasses há um ano, eu rir-me-ia na tua cara."
O antídoto contra aquela tristeza revelou-se perante mim. Viva! Um abraço em noite de serenata, uma palavra em noite de baptismo, uma risada em noite de ensaio, um beijo em noite de festival. Inesperadamente, as preocupações fizeram as malas e tiraram férias, deixando apenas espaço para infinitos sorrisos sinceros. Talvez não sentisse uma felicidade tão pura desde que era criança e brincava com os peluches...
Sabes bem que as palavras não são a minha maior arma. Pior ainda quando tento exprimir o sentimento indescritível que me atravessa em momentos a sós contigo. Ironicamente, quando eu era pequenina, achava o dicionário muito grande... cheguei à conclusão que não era grande o suficiente para conter as palavras necessárias para dizer o que gostaria.
Posso, no entanto, dizer uma coisa. Não quero voltar a ser criança. Aprendi contigo que tudo tem o seu tempo para acontecer e que o presente pode ser bastante agradável. Fiz as pazes com o tempo. Não quero andar para trás, quero antes seguir em frente, porque este percurso acidentado é mais seguro e mais divertido agora que caminhas a meu lado. (Sabes bem que sem ti tropeço e caio, às vezes acho que tropeço na vida ou em algo metafórico do género. Sei que achas o mesmo. Palavra de apreço por não me deixares ir ao chão com essa facilidade.)
E é em dias destes, com hora e meia de sono, a matéria por estudar, as mãos geladas e um sorriso nos lábios que mais percebo que a felicidade não é exclusivamente para quem não tem preocupações impostas por questões mundanas. É sim para quem consegue olhar para isso, rir-se e continuar. E enquanto te puder dar a mão, irei continuar.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Paragem de cinco minutos para ponderar e depois continuar em frente

Mudei.
Uma rebeldia acordou em mim, transformou-me. Zanguei-me com tudo o que tinha jurado não ser, quebrei todas as promessas que um dia fiz e tornei-me o oposto do que sonhei.
Tantas regras impus na minha vida que durante um bom período fui um vulto perdido, sem ser coisa nenhuma: uma indefinição constante, à procura de um sentido, como um animal à procura da toca. Existia sem viver e quis agradar a gregos e a troianos, acabando por desagradar a todos e a mim mesma. 
De repente e sem qualquer motivo particular para tal, achei que vaguear por aí não era para mim. Surgiu então uma força que me mandou para os limites e me fez caminhar por ruas anteriormente proibidas. Explorei recantos do meu ser que desconhecia, varri o pó de prateleiras que não sabia existirem. 
Não tem sido mau. Até tem sido agradável. Reduzi as leis que me comandam a uma pequena lista, extremamente essencial para a sobrevivência. De resto, quero viver no momento e o futuro que venha se quiser, eu não me preocupo com ele. 
Mas...
Falta qualquer coisa. Ou, mais precisamente, alguém.
Não estou sozinha, note-se. De maneira alguma. A mudança até trouxe novas pessoas à minha vida e renovou a presença de outras. Estou a dar novo significado à palavra amizade e em cada esquina encontro oportunidades para pôr em prática essa diferente definição. 
Além disso, há sempre aquelas pessoas que passam, param, acenam e continuam. Têm aparecido algumas, ultimamente. Dantes, fechava-me na minha concha e ignorava-as; agora, aprendi que um aceno de volta até pode trazer uma felicidade momentânea que não se deve desperdiçar.
Porém, sangue quente a controlar não é a mesma coisa que ter o coração a controlar. É temporário, o sangue arrefece e acaba numa dor de cabeça, num sabor demasiado adocicado na boca e num vazio deixado por um beijo de despedida mal lembrado... 
Gostava que o coração tomasse as rédeas e me encontrasse alguém para tomar conta da minha alma repentinamente rebelde. Queria parar de pôr o sangue a ferver. Não tenciono mais acabar nos braços de um vagueante aleatório, tão só como eu, tão desejoso de sentir-se acompanhado nem que por meras duas horas como eu...
Queria uma mão que me apoie, uma rocha que está sempre lá. De certa forma, estou a viver apoiando-me à areia e esta desmorona sempre. Preciso não disso, mas de granito ou betão armado. 
Eu bem sei que não se manda no coração - é ele que manda em nós, é ele que de um momento para o outro decide bater à porta e dizer, "olá, cá estou eu". Mas desta vez ele podia ajudar-me. Embora não possa dizer que o novo eu é um ser infeliz, parte de mim está com medo e se viesse um bombeiro ajudar a apagar o fogo, talvez fosse possível encontrar um estado de equilíbrio perfeito.
Se calhar esse estado de equilíbrio não existe. Quiçá esteja destinada a ser guiada, de cabeça zonza, pelos braços de um dançarino tão ou mais tonto que eu. Talvez o meu coração se tenha reformado e nunca mais volte a liderar.
Mas... Podia ser... 
Paciência. Que venha o próximo momento. E o seguinte. Depois vê-se.


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Could we live without art?

Before we can start trying to answer what seems at first approach an unanswerable question, we must find an agreement on the definition of art.
What is art?
It is a beautiful painting by Monet. Correct. It is a beautiful melody by Mozart. Also correct. But it is so much more than that...
We could focus on what is usually accepted as art by most people: painting, sculpture, music, cinema, theatre, writing, etc. We don’t to dig too deep to see that the trouble begins right here. Why are Mondrian’s squares arts? “A six year old could come up with that using a ruler and colour pencils.” And what about those rebellious artists who make replicas of male reproductive organs and exhibit them in public places? That’s sculpture, is it art?
Should art be limited to the guidelines of decence set by a fearful society? I do not think so. An artist has the right (peharps the duty) to cause an impact and to break the rules. This leads us to the opposite question: is material that does not go against good manners in any way not able to be considered art? A simple love story or a peaceful painting of the sea – should we rule them out? I guess this means we cannot base the definition of art by whether a piece is easily accepted into societies’ daily life or not.
We might state that art has a point and so we should investigate the artist’s intentions in order to verify the artness of the work. But what is an artist’s motivation? Life, death, dreams, reality, truth, lies, hopes, fears, remembering, forgetting, joy, pain, ecstasy, depression, disease, health, people, dogs, ants, plants, sea, space, technology, History, themselves, others, enemies, friends, lovers. I am quite certain that the list does not end here. Each human finds inspiration in a different subject, which means each piece of art will be made with a different purpose. We can conclude the answer is not here.
Something similar happens with the concept of difficulty, mentioned above. I find it very hard to imitate Mondrian but I find it a bit easier to write an essay on life without art. Maybe Mondrian disagrees. What is an unachievable dream to some might be everyday life to others. So it is impossible to set a universal description for art grounded on this matter, as it is impossible to set a universal level of difficulty. This analogy is valid for many other criteria, including beauty – it is obvious beauty is far from being consensual among people.
I must add I strongly believe geography, race, cultural backgrounds and religious views do not define an artist. Art can be found in unthinkable places and made by unimaginable artists.
Then, we can go further than this. I have named some activities that are often associated with the word art. But humans are extremely interesting beings who have invented endless ways of expressing themselves (most of the times, partially: so much remains unsaid regardless of the attempts of a human to communicate).
The shirt my grandma knitted me is a piece of art. Not only it is pretty, but also she is proud of it and it was made with love. I will refuse your arguments that it is ridiculous to consider a home-made shirt art, because I must believe the joy I see in her eyes everytime I use that piece of clothing is somehow connected to art.
Nevertheless, I intend to look at the matter in even a deeper way: does a piece of art have to be an object? Paintings, books, food, clothes, furniture – is that all we get for art? Why can’t people be art themselves? The smile of the man that holds my heart – how dare you tell me that is not art?! A lover’s kiss could be art. There is something very artistic about love itself, about the concept of love, even outside the songs and books it has led to. More: the way two friends look at each other and understand each other’s feelings without saying a word – that must be art as well. How can art not be involved in those moments of pure joy, when the belief that the evil of the outside world is too far away to cause damage? Happiness can be much harder to find and require ten times the work all the wonderful paintings on the Louve did. I suppose the analogy for despair cannot be discarded either.
In addition, I don’t want to restrain it to Homo sapiens. A colourful and scented flower is a gorgeous work of art: it took Mother Nature an unthinkable amount of time to reach the perfect combination of genetic material that resulted in that flower. Tell the little child that is smelling admiring the flower that it is not art – she will laugh at you.
Perhaps the necessary condition for art is that is must be alive. But the definition of alive I will use is not the one I have learned about in Biology classes. By alive, I mean capable of interacting with the surroundings or of causing in them some kind of reaction, such as love, hate or indifference. Obviously, this is a enourmously wide concept and almost anything can be included in here. I think that this could derive from the fact that the Universe itself is a brilliant (possible the finest) work of art – then all that is in deep connection to it has to be art. However, I am most likely wrong. There is probably a flaw in that criteria. But I am a flawed human being (there are no perfect ones, sadly) and it is the best I can do.
Consequently, if we accept this as a definition for art, then I believe than the answer to the inicial question, “Could we live without art?”, reveals itself. If living is a way of art, it is not possible to live without art. Imagining existence without art is imagining inexistence. It’s a paradox.
In conclusion, the imperfect answer of someone who does not intend to give an absolute and faultless solution is no, we cannot live without art.


sábado, 7 de setembro de 2013

Grão a Grão Enche a Galinha o Papo

Parece uma frase tão bonitinha, não é? De pequenas vitórias se constrói a vida, que por sua vez é uma enorme vitória. Os ingredientes aparecem às migalhas e, um dia, o bolo aparece feito.
Contudo, a verdade é que a vida não é tão simples quanto os ditados populares fazem por vezes parecer. Esperar toda uma vida por sonho e ele aparecer-nos desfeito em pedacinhos - e a gente que o construa, como um puzzle - pode ser bastante difícil. Especialmente quando vemos que nós temos de suar por cada pecinha e há uns gatos-pingados que conseguem o mosaico final de graça e com entrega ao domicílio.
"Some folks spend their whole lives fighting, while some find the good life drops in their lap." Sim, e tudo o que se possa dizer sobre os altos e baixos de lutar por um sonho está descrito por completo naquela letra perfeita do meu geniozinho preferido. Mas não é fácil... 
Eu tenho estado do lado dela, durante todo o percurso. Olho para o lado e vejo ingratos a serem favorecidos pelo destino, pelas leis, pela geografia, pela economia, por isto ou por aquilo; quem luta, sua, deixa sangue suor e lágrimas, leva um bocadinho do prémio e a esperança de que um dia tenha as peças todas e cola para as unir.
É que às vezes, a esperança não é a última a morrer. Morre, mata-nos o sono, a calma e o sorriso. Temos de aguentar... Levantar sempre depois da queda... Mas os provérbios não são suficientes para erguer um peso morto carregado de sonhos por concretizar. É preciso substância e essa muitas vezes não aparece.
"Assim pelo menos vais dar valor quando o tiveres" - mas e se nunca chegar lá? Quantos não morrem pelo caminho, atrás do que procuram? Perdem-se por atalhos, dão por si em quedas livres e nunca mas regressam. Ou optam por desistir daquela viagem e começar outra menos atribulada... Não os culpo. O autocarro 703, que vai para os Sonhos, nem sempre passa e ir a pé cansa, dá cabo dos pés, da coluna e do coração. 
O maior problema é o facto de o travão que nos impede de progredir é, muitas vezes, do género mosquito: minúsculo, mas infinitamente irritante, impeditivo, e difícil de eliminar. O que fazer nestas situações? "Continuar a tentar". Obrigada. E o que se faz ao sentimento de que se entrou numa bola de neve, num ciclo vicioso? Não posso pegar num sentimento e mandá-lo para o sótão. A nuvem negra paira no ar e teima em não sair para deixar o sol brilhar...

Eu sei, amiga, o que lutas, o que sofres. Sei que os resultados de hoje foram um pequeno passinho. Mas também sei que, lá no fundo, tinhas a esperança de ver o fim da guerra e a abertura das portas. Não foi desta... Mas eu vou voltar aos clichés e às frases gastas, na tentativa de te fazer aguentar mais um ano a desbravar caminho rumo à concretização do sonho. Não desanimes, nunca. Eu vou estar sempre a torcer por ti, e junto à nuvem que te escurece o coração, está o meu sol de esperança a dizer, "tu consegues!". Vais conseguir, mais tarde ou mais cedo, custe o que custar. Devagarinho. Mas em passinhos de formiga, lá chegarás. Grão a grão enche a galinha o papo.

Para a Kikas 

quinta-feira, 21 de março de 2013

Pai


Pai – Aquele que tem um ou mais filhos. Gerador; genitor; progenitor. [Figurado] Criador; autor.

Pessoa com uma paciência fora do normal para aturar as tolices dos filhos. Cultivador de felicidades. Salvador da pátria. Eliminador de insectos, vermes rastejantes e outros monstros medonhos que poderiam eventualmente devorar as crianças. Motorista e geógrafo, conhecedor de todos os cantos das cidades mais frequentadas pela família. Banqueiro, bancário, milionário, basta tirar o dinheiro da caixa multibanco. Às vezes forreta, mas na verdade pretende satisfazer aquele pedido no aniversário ou no Natal seguinte. Mecânico, carpinteiro, jardineiro, picheleiro, electricista com habilidades e competências altamente versáteis para resolver todos os problemas que envolvam trabalhos pesados que as princesas não podem fazer. Crítico gastronómico. Chefe da família, mas que deixa muitas vezes as crianças escolherem a refeição de domingo à noite. Aquele que possui e controla o comando da televisão, com bondade suficiente para deixar o filho ver a bonecada se não coincidir com a final da Taça. Distribuidor de carinhos, de sermões cultos, de prendas, de castigos (sempre para o bem dos filhos), de piadas. Ser perfeito, o fim para todos os males do planeta. Aquele que será sempre o herói e ídolo dos filhos, aconteça o que acontecer.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Why not me?


I look at you and see your eyes shining. Your face is lit up by a smile that shows a love that cannont be cointained inside a heart anymore. There’s magic emanating from you… Every cell of your body seems to be rejoicing in happiness.
And then there’s me. A dark shadow when compared to your sunshine. I’m not more than a ghost wandering around by your side. I’m trying to ignore the fact that you’re changing - and that I’m getting left behind. You’re doing the same, actually we’re trying really hard to avoid facing that, because even though someone can come and turn your world around, there’s no one who will ever know you better than me. We can’t just walk away from the past without being stabbed by a sense of nostalgia. But the future that we’ve always dreamt of is knocking at your door - and I’m the first to tell you that you should let it drive you to your destination.
But I often find myself wondering: “why not me?” Why can’t I feel the same things as you? If we’re the same, how come your heart is full and mine is empty? Why don’t lovesongs make sense to me yet? Why is it that when my tears are falling there’s no prince holding my hand? Why can’t I be blessed with the same happiness as you?
I’m sorry for envying you. You don’t deserve that, it’s not your fault. Actually, you’re one of the most amazing people I’ve ever met, so you deserve to live in paradise. I honestly apologize for this feeling, as it is somehow a betrayal. But I just can’t help it. I am human, therefore I am greedy. And I don’t know how much longer I can take to see everyone’s world painted in gold, and mine painted in black.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Ócio e solidão

Deito-me na cama por fazer. As lágrimas ameaçam sair, mas estão tão exaustas quanto eu e, por isso, param quase imediatamente.
Não me dou ao trabalho de ligar o rádio ou o computador. Fico imóvel sem força para sequer pestanejar. Sim, estou cansada.
Cansada de quê? Passo dias e dias em pleno e constante ócio. Aparelhinhos electrónicos constituem o ponto mais alto do meu quotidiano. Então de que é que me cansei?
Ora, a resposta é óbvia. É a solidão que é cansativa... Constantemente recebo indiferença por parte de todos em redor. Não sei de quem é a culpa, se minha, se da restante população humana. Mas a verdade é que no meu mundo não habita mais ninguém.
Todos os dias penso para mim mesma: "Faz um esforço, vá lá, vais ver que tudo vai melhorar". Contudo, guiar uma existência sozinha é esforço de mais para mim. De que me serve esforçar se não vejo recompensa?
Assim, ao fim do dia, entro numa profunda melancolia que me prende irremediavelmente. Como uma gruta, cujas paredes são construídas por promessas perdidas e esquecidas no tempo e cujo tecto é feito de palavras e gestos vagos e insignificantes.
Continuo deitada na cama, não me apetece levantar. Se alguém quiser, que me venha arrancar daqui e que me leve até a um mundo novo cheio de cor; se ninguém se importar, vou ficar aqui para sempre pois a minha energia foi derrotada pela solidão.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Quero ser criança outra vez

Quero ser criança outra vez.
Quero ter a liberdade de sonhar, conseguindo esquecer a realidade que insiste em travar os meus desejos. Quero voltar a ver um mundo colorido como a bola com que eu brincava.
Quero rir, saltar à corda, brincar, sem me preocupar com as consequências. Quero correr, jogar à macaca e fingir que o meu quarto é um palácio. Quero perder a noção do real, imaginar um outro mundo, onde os ursinhos de peluche falam e as bonecas são minhas irmãs.
Quero ser inocente outra vez. Não saber é não afligir a mente com preocupações inúteis e dolorosas.
Quero ser pequena para caber dentro de uma caixa, que no meu sonho é um avião. Quero caber dentro do meu sonho...
Quero ser irresponsável. Comer, brincar e dormir, pondo os deveres nos pais. Não ter de me preocupar, não ter de pensar! Oh, quem me dera que a minha única preocupação fosse ter de arrumar o quarto para no dia seguinte ter o prazer de o desarrumar novamente!
Quero ser criança outra vez. Nem que seja por um dia. Só para saborear a felicidade a que só as crianças, pela inocência, pelo espírito imaginativo, pelo sonho, chegam.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Acabando

Não, que ideia mais tola, isso é passado! Mas não é. O presente ainda não se tornou passado... E eu ainda sinto o mesmo. Sim, quero que esta âncora desapareça, quero deixar partir o meu navio em busca do tesouro, quero enfrentar as tempestades! Como o posso fazer se estou presa a ti? Quero-te tanto que já não te quero. Apenas pretendo que me libertes...
Tu não fazes por mal, eu sei. Nem sequer notas! Quando passas por mim e sorris, nem sabes que iluminaste um bocadinho mais o meu dia. Quando me ligas, não sabes que a tua voz me alegrou um pouco. Nunca te disse... Sempre assumi que não querias ouvir. Ainda assumo.
Agora, nem que chegues de joelhos, com um anel na mão; nem que tragas um ramo de rosas, ou tulipas, ou de outras flores quaisquer; nem que implores - não te quero. Não te apaguei, nem da mente, nem do coração. Porém, o que eu quero é ver quebrado o nosso elo e não o seu fortalecimento. O sonho agora é pesadelo e eu não quero que se transforme, só quero que acabe...

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Esquece

Porque é que te preocupas tanto?
Porque é que carregas o peso do Mundo nos teus ombros? Porque é que perdes a cabeça e deixas o teu coração ser despedaçado? Porque é que deixas o nevoeiro penetrar na tua alma e cobrir a beleza desta?
Afinal, não somos nada. Somos alguns grãos de areia no deserto árido que o vento arrastará. Somos partículas de pó que desaparecem com a força do aspirador. Somos electrões na imensidade do nada - não, nós somos a imensidade do nada, rodeando electrões invisíveis.
O nosso suor, o nosso sangue, as nossas lágrimas desparecem com o passar do tempo - os sinais do nosso esforço não ficam aqui indefinidamente (nada fica). E a memória permanente é uma utopia (qualquer coisa permanente é utópica; a única coisa permanente é este estranho desejo das pessoas de quererem deixar uma marca no mundo), a História é uma utopia sem significado .
As montanhas sofrem erosão; os rios secam; os glaciares derretem; as cidades tornam-se desertos. O Mundo muda demasiado depressa para manter registo do passado.
Então porque é que deixas coisas passageiras abaterem-te? Sê egoísta - aproveita o tempo que passas por cá, pois ao contrário daquilo em que acreditas, ninguém no futuro vai fazê-lo por ti.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Mystical Words About Us

Who are you? A ghost wandering around. You're not real, are you? You're a product of my imagination, a hallucination. You're an illusion. Still, you make life worth living...
You live among the clouds, where the sun meets the rain to create rainbows. Maybe you create rainbows. You fly to the moon and back without moving, you visit the stars and make them shine brighter. Then you fall from the sky, softly hitting the ground without a sound.
You make magic with anything around you, you invent light, sound, love, life. Noise stops so we can hear you. Time takes a break from its endless race to admire your beauty. Earth pauses its spinning to wonder how can such a unique and magnificent being exist. 
Nevertheless, it looks like you carry the load of a broken-hearted man: you bring joy to the world, but you hide behind words and sounds. You never laugh, do you? Are you sad? Or does your unexistential existence oblige you to keep your head down? Do you give up of your smile so other people can take it? I can't understand... Oh but why do I try to understand? You are not a fruit of reason (you're a fruit of passion), yet reason might be your best friend. This makes you wonderfully complex and impossible to understand.
We met once. In a dream (we had to meet in a dream, the place between heaven and hell, life and death, sun and moon, the place ruled by magic, the place where we save the darkest secrets of our minds). Just like a chemical reaction, the molecules that make us collided and we became one for a moment. We dissolved the thin line between dreaming and reality, the line that keeps us apart. Human beings tend to incuse this line on their hearts and on their minds and forbid themselves from mixing the two regions. But we're more than humans.  We are not from this planet. Actually we're children of the universe, and together we are going to finish its construction. We are going to reach perfection and the world will never be the same again after we become one permanently.
But you're not real, are you? You're a product of my imagination, a hallucination. You're an illusion. And so am I; and so are these words that no one will remember...

terça-feira, 17 de abril de 2012

Mostra-te

As aparências iludem... e a tua ainda mais que o habitual. Contudo, ao invés de teres uma beleza superficial e seres vazio por dentro (como acontece com muita gente), escondes o melhor de ti e mostras ao mundo uma face falsa e fria. Não sei por que o fazes...
Se calhar até sei. É por causa de gente como ela... quantas pessoas iguais a ela já te terão enganado, desprezado, espezinhado? Quantas vezes foste deixado para trás, como uma pedrinha insignificante que o mar não volta a recolher depois de uma onda mais forte?
O certo é que as pessoas só se lembram de ti por tolices irrelevantes, criancices temporárias. Mas bem vistas as coisas, são apenas esses bocadinhos de ti que estão a nu. Quem aparece de repente na tua vida, por esta altura, não tem hipótese de se ligar a ti.
És desconfiado... ou talvez inseguro. E a figura de humorista cria quatro paredes de betão à volta do teu coração e da tua alma, paredes que me parecem tristemente inquebráveis.
É pena... eu adorava que tu soubesses que te conheço. Que sei que por dentro és doce e não supérfluo, quente e não frio, bonito e não feio. Mas não me atrevo a abordar-te... porque não foste tu que me mostraste essa faceta, aliás sempre a ocultaste de mim... Quando falo contigo, o homem que lá está não é quem eu quero que esteja, a pessoa com quem eu quero falar está sempre indisponível, mesmo se um laivo de coragem aparece e me faz procurar o teu verdadeiro eu.
Estou a desistir de tentar buscar o teu lado mais humano. Acabo sempre por aceitar a piada e entrar no jogo, pois já estou cansada de ouvir relatos a descrever-te que não correspondem a quem os meus olhos vêem.
Mas dou-te mais uma oportunidade: mostra-te. Derrete o gelo da tua alma e deita abaixo esse muro de Berlim. Sê quem és, quem queres ser e não quem os outros querem que sejas. Despe-te de preconceitos e de medos. Abandona o terror. Ri, chora, sorri, caminha, corre, cai, levanta-te. Deixa de esconder o teu lado mais belo, por favor.
Sim, mostra-te.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Deus, quando quer, não precisa de homens, embora não possa dispensar-se de mulheres. - José Saramago, Memorial do Convento

terça-feira, 27 de março de 2012